Sou mineira e artista. Danço desde os quatro anos de idade. Aos 14, me profissionalizei como bailarina e, aos 17, como atriz. Como eu sempre tive muitos interesses e, além de dançar e atuar, eu gostava também de escrever, optei por cursar jornalismo e, num primeiro momento, seguir os passos da minha mãe.
Desde o início da minha carreira (e até mesmo antes dela), eu sempre fui uma pessoa que gostava de explorar todos os caminhos e oportunidades possíveis. Unir tudo aquilo que eu gosto de fazer é o meu jeito favorito de viver.
Em Belo Horizonte, minha cidade natal, participei de espetáculos de dança e teatro renomados e, quando me formei como jornalista, fui contratada pela TV Horizonte, para atuar, prioritariamente em programas de TV ligados à área de cultura. Escrevia roteiros, inventava pautas, produzia e apresentava programas, fazia reportagens de rua…
Enquanto trabalhava nessa emissora de TV, nasceu em mim uma vontade de empreender a minha carreira artística e comecei a estudar mais sobre Leis de Incentivo à Cultura, gestão cultural e patrocínios. Um tempo depois, eu abri a minha primeira empresa com uma sócia e, juntas, produzimos vários espetáculos teatrais, conseguimos financiar nossas ideias e fazê-las acontecer.
Mas tinha um problema: o nosso negócio não era sustentável. Nem emocionalmente, nem financeiramente. Apesar de ganhar dindin até bem, a gente vivia, literalmente, de projeto em projeto, na corda bamba e fazendo malabarismo. Nessa época, quando eu desconfio ter vivido meu primeiro burnout, comecei a me perguntar: “como eu posso continuar fazendo o que eu curto e ter uma vida sustentável?”. Tudo ao mesmo tempo? Essa pergunta virou o meu mantra e até hoje ela me guia.
O que a gente cria, cria a gente.
A primeira resposta pra essa pergunta foi: marketing. Eu acreditava que era preciso aprender marketing pra vender minhas ideias. Então, eu fiz um MBA em Marketing e Vendas, também em Beagá.
Mas depois de fazer o MBA, eu senti que ainda não era aquilo (ou pelo menos não só aquilo), eu queria ir além. Então, depois de muitas pesquisas no Google, eu descobri o meu próximo passo: estudar empreendedorismo criativo no Reino Unido que era e ainda é um polo de empreendedorismo na área criativa. Nessa época, inclusive, o termo em português no Google nem trazia resultados. Só o creative entrepreneurship mesmo!
Por dois anos, eu fiquei tentando juntar grana pra ir estudar fora. Passei também por processos de bolsa que bateram na trave; fui morar em Sampa e trabalhar como gestora de eventos, inclusive fora do Brasil, para grandes empresas como Coca-Cola, Peugeot, Siemens, entre outras. E, nessa época, eu vivi o meu segundo episódio de burnout (que na real, ainda era resquício do primeiro…). Um dia, meus pais foram me visitar em Sampa e viram como eu estava infeliz e vivendo um stress crônico. Minha mãe me pegou pela mão e disse: você volta pra Beagá agora e vamos fazer essa viagem acontecer, custe o que custar! Fizemos!
Foi aí então que eu decidi usar minhas habilidades em escrever projetos (que eu já usava para os espetáculos) para realizar esse meu novo sonho: estudar fora do Brasil. Com a ajuda de uma amiga querida, consegui a chancela da Secretaria de Estado de Minas Gerais e o patrocínio da Vivo pra ir até Londres fazer um mestrado e me especializar em empreendedorismo criativo!
Como contrapartida pelo valor que recebi no edital, eu criei um projeto: A Espaçonave. Na época, ainda era um blog onde eu compartilhava tudo aquilo que estava aprendendo no mestrado. Hoje, é uma escola digital de empreendedorismo criativo onde ajudamos milhares de empreendedores a viver da sua criatividade e talento, de maneira sustentável.
Foi aí então que eu decidi usar minhas habilidades em escrever projetos (que eu já usava para os espetáculos) para realizar esse meu novo sonho: estudar fora do Brasil. Com a ajuda de uma amiga querida, consegui a chancela da Secretaria de Estado de Minas Gerais e o patrocínio da Vivo pra ir até Londres fazer um mestrado e me especializar em empreendedorismo criativo!
Como contrapartida pelo valor que recebi no edital, eu criei um projeto: A Espaçonave. Na época, ainda era um blog onde eu compartilhava tudo aquilo que estava aprendendo no mestrado. Hoje, é uma escola digital de empreendedorismo criativo onde ajudamos milhares de empreendedores a viver da sua criatividade e talento, de maneira sustentável.
Foi um ano de mestrado, dois anos de pesquisa empírica, muitas entrevistas, mais de 12 países visitados, muita experiência e conhecimento. Eu concluí o mestrado em 2011 e, como tese, apresentei uma metodologia de formação de empreendedores criativos.
Depois do mestrado, resolvemos (eu e meu marido) passar uma temporada de 5 meses na Dinamarca pra continuar nos aprimorando artisticamente. Voltei ao Brasil em 2012 e, pra testar e aperfeiçoar a metodologia, fiz mais de 40 workshops presenciais, em diversas cidades e estados brasileiros. E mais de 600 empreendedores que participaram desses eventos me ajudaram a aperfeiçoar o método.
Daí, em 2013, a metodologia foi premiada pela extinta Secretaria de Economia Criativa, do Ministério da Cultura e eu resolvi experimentar o método também no meio digital. Lancei o meu primeiro curso online: o Decola! LAB! Que foi um sucesso sem precedentes!
É possível criar sem pirar.
Em 2016, a Espaçonave tinha crescido muito e era absolutamente sustentável do ponto de vista financeiro, porém nada sustentável do ponto de vista produtivo, operacional ou emocional. Tanto que eu adoeci, outra vez. A empresa estava crescendo de um jeito tão desgovernado, que acabou passando por cima de mim feito um trator. Eu estava cansada, mas tão cansada, que tinha me deprimido e perdido a vontade de criar coisas. Minha paixão pelo meu trabalho e meu negócio tinham se esvaído e eu cheguei, por diversas vezes, a pensar em desistir.
Foi quando eu vivi o meu terceiro (e espero que o último!) episódio de burnout, porque, dessa vez, eu acredito que aprendi a lição: não há negócio criativo sem uma vida criativa. Não há sustentabilidade financeira, sem sustentabilidade emocional.
Esse terceiro burnout me fez parar e eu resolvi fazer um sabático que durou 1 ano (comecei 15 dias antes da pandemia). Nesse tempo de reflexão eu descobri que minha jornada, daqui pra frente, será mais multipotencial do que nunca. Reabraçar minha multipotencialidade faz parte do meu processo de cura. Eu descobri que meu trabalho não tem um padrão. Meu trabalho é continuar criando, e através desse processo, quem sabe, inspirar outras pessoas a se questionarem se não há outras coisas que elas queiram experimentar e colocar no mundo também.
Meu objetivo agora é dar minha própria volta ao Sol. Voltar a atuar como bailarina e atriz, continuar escrevendo e aprimorando minha prática criativa, mas trazendo junto tudo que eu aprendi sobre sustentabilidade de negócios também. Afinal de contas, foi pra isso que eu comecei a estudar empreendedorismo criativo. E cá entre nós, a gente ensina o que precisa aprender, num ciclo lindo!
E se você, daí, tem também uma vontade criativa, um potencial escondido (mesmo os criativos mais experientes têm), eu te digo e me pergunta: será que isso pode? E respondo que eu acho que sempre pode! Simbora pra próxima aventura criativa!